Estratégias de ensino-aprendizagem
Na concepção construtivista a
construção do conhecimento ocorre quando ações físicas ou mentais do sujeito
sobre objetos provocam o desequilíbrio (LAKOMY, 2998). À medida que este
conteúdo é assimilado e acomodado, as perturbações fazem surgir algo novo,
resultando na construção de esquemas. Tais esquemas tornam-se cada vez mais
refinados, fazendo com que as próximas assimilações sejam diferentes e melhores
que as anteriores (BECKER, 2001). Para Anastasiou e Alves (2007) as
aprendizagens dos indivíduos não se dão todas da mesma forma, onde o desafio
consiste na construção mental ou na abstração que se efetiva quando, mentalmente,
se é capaz de reconstruir o objeto apreendido pela concepção de noções e
princípios, independentemente do modelo ou exemplo estudado, associando idéias,
enredando e chegando a se deduzir conseqüências pessoais e inéditas, através de
uma ação.
Neste contexto, Becker (2001)
afirma que a escola precisa aprender a reconhecer e escolher ações que
têm chance de produzir resultados cognitivos, transformando as estruturas de conhecimento do
sujeito, considerando o
erro como instrumento analítico e não como objeto de punição. Para Anastasiou e Alves (2007), cabe ao
professor planejar e conduzir esse processo contínuo de ações que possibilitem
aos estudantes, inclusive
aos que têm maiores dificuldades, irem construindo, agarrando, apreendendo
o quadro teórico-prático pretendido, em momentos seqüenciais e de complexidade crescente. Estes
processos são apoiados pelas estratégias de ensino-aprendizagem, que se referem
aos meios utilizados pelos docentes na articulação do processo de ensino. Tal
articulação deve estar em acordo com cada atividade e os resultados esperados
(ANASTASIOU; ALVES, 2007; MAZZIONI, 2009).
As estratégias visam à consecução de objetivos,
portanto, há que ter clareza sobre aonde se pretende chegar naquele momento com
o processo de ensinagem. Por isso, os objetivos que norteiam devem estar claros
para os sujeitos envolvidos – professores e alunos – e estar presentes no
contrato didático, registrado no Programa de Aprendizagem correspondente ao
módulo, fase, curso, etc... (ANASTASIOU; ALVES, 2007)
As atividades de ensino e de
aprendizagem deverão atender às
características do Projeto Político Pedagógico do curso (LUKESI, 1996;
ANASTASIOU; ALVES, 2007), que se reflete na área de estudo, com seu conteúdo (seja
factual, conceitual, procedimental, atitudinal (ZABALA, 1998) e, principalmente, nas características dos
sujeitos do processo, podendo ser estratégias realizadas individual ou
coletivamente e propostas para a sala de aula ou outros espaços.
Luckesi (1994, p. 155) questiona os meios pelos quais
os docentes escolhem dentre as técnicas de ensino-aprendizagem para o
desenvolvimento das competências discentes. Vasconcelos (2005) menciona que há
necessidade de refletir-se sobre as estratégias freqüentemente utilizadas no
ensino superior brasileiro. Gil (2010) questiona a quantidade de professores no
ensino superior sem formação pedagógica e que, por não conhecerem ou não
desejarem utilizar estratégias de ensino-aprendizagem diversificadas optam por
métodos tradicionais centrados no professor.
Para Anastesiou e Alves (2007) o papel do professor é
a mediação, onde deliberadamente ele planeja, propõe e coordena estratégias
compostas por suas ações e dos alunos, visando à superação da visão sincrética
inicial, por percepções, visões e ações cada vez mais elaboradas. Isso requer,
por parte dos estudantes, um processo de apropriação ativa e consciente dos
conhecimentos, dos fundamentos das ciências e de sua aplicação prática. Por
isso, a ação de ensinar não pode se limitar a simples exposição dos conteúdos,
incluindo necessariamente um resultado bem sucedido daquilo que se pretende
fazer, no caso, a apropriação do objeto de estudo.
Tais questionamentos conduzem a reflexão sobre a
complexidade dos processos educativos. Tal complexidade faz com que dificilmente
se possa prever com antecedência o que acontecerá na sala de aula. Este cenário
exige do docente o planejamento (ZABALA, 1998) e domínio de técnicas
diversificadas, resultando em aulas mais flexíveis, interessantes e motivadoras
(ANASTASIOU; ALVES, 2007).Para dominá-las é necessário conhecê-las. Por isso, em seguida, apresentamos um resumo sobre as principais estratégias de ensino-aprendizagem que escontramos na literura pesquisada.
Estratégias Utilizadas no Processo Ensino-Aprendizagem: um resumo da literatura pesquisada
Dentre as diversas estratégias,
apresentamos um resumo das estratégias encontradas na literatura pesquisada:
Resumo das estratégias de ensino-aprendizagem pesquisadas. Fonte: Adaptado de Anastasiou; Alves (2007); Marion e Marion, 2006 e Bravo, 2009. |
A existência
de diversas estratégias que podem ser utilizadas no processo de ensino-aprendizagem
favorece a prática educativa. No entanto, deve-se lembrar que, além das
restrições da escola e das características dos alunos, é essencial que se
escolha as estratégias pensando em atingir as competências exigidas no PPP. Petrucci
e Batiston (2006) ressaltam que as estratégias apresentadas não são absolutas,
nem imutáveis, constituindo-se em ferramentas que podem ser adaptadas,
modificadas, ou combinadas pelo docente, conforme julgar conveniente ou
necessário.
Leia mais... Estratégias de ensinagem. Por Anastasiou, Léa da Graças Camargos e ALVES, Leonir Pessate
REFERÊNCIAS (deste post)
ANASTASIOU, L.; ALVES, L.P. Processos
de Ensinagem na Universidade. Editora Univille, 2005.
BRAVO, R. T. C. Estratégias de
Ensino-Aprendizagem: o Desenvolvimento de Competências Interpessoais na Visão
de Docentes e Discentes do 4º ano de um Curso de Graduação em Administração.
Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em
Administração. Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUC PR), Curitiba, 2009.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia
da Educação. São Paulo: Cortez, 1994.
MARION, José Carlos; MARION,
Arnaldo Luís Costa. Metodologias de Ensino na Área de Negócios para Cursos
de Administração, Gestão, Contabilidade e MBA. São Paulo: Atlas, 2006.
MAZZIONI, Sady. As
Estratégias Utilizadas no Processo de Ensino-Aprendizagem: Concepções de Alunos
e Professores de Ciências Contábeis. 11o. Congresso USP de Controladoria e
Contabilidade, São Paulo: FEA-USP, 2009.